terça-feira, 26 de maio de 2009

And then came the rush of the flood...


Estava perdido...
O coração batia forte, acelerado, como se tivesse partido milhas a pé. Milhas e milhas espalhadas em circulos ao redor do quarto grande demais.

Quis o destino que ele abrisse a porta errada, do guarda roupa errado, no pior dos dias. E que lá encontrasse aquelas cartas, pedaços embolorados de um passado acalentador.

Surpreendeu-se ao tomar nas mãos as memórias vergastadas por um bolor marrom de cheiro acre, que havia infestado os pedaços de papel. Pedaços que haviam sido completamente preservados de qualquer contato externo, longe de traças ou quaisquer coisas que pudessem lhes fazer mal. Fragmentos de momentos felizes, agora rotos e cobertos de bolor.

Leu rapidamente todas aquelas citações de mulheres tristes, que tinham como objetivo provar um amor que não precisava de provas. O tipo de amor que se impregna na parede, que escorre pelas ventarolas, que inunda o mundo.

O tipo de amor que traz os pesadelos...

De repente, entre as leituras, sentiu algo correr por seu rosto. Eram as intrometidas de outrora, quentes e constantes. Sua única companhia naquele quarto há pouco tempo atrás. E por tempo demais, pensou.
As velhas conhecidas o puseram abaixo, e o pranto permaneceu incontido noite adentro. Foi abafado pelo cansaço horas depois.

Mas a saudade permaneceu. Não saudade de uma pessoa, mas sim daquela sensação...
Saudades de sentir que sabe exatamente o que quer.

0 comentários: